ENROLADOS – RECONTANDO A HISTÓRIA DE RAPUNZEL
POR JR DIB
No conto original, a mãe de Rapunzel estava grávida da menina e fica com vontade de alguns frutos que nasciam em uma àrvore no quintal da bruxa Gothel. O pai é pego roubando os frutos e obrigado a entregar a criança a ela. A bruxa fica com a menina e a nomeia Rapunzel, mesmo nome da àrvore da qual sua mãe teve vontade de comer os frutos, nunca deixando que ela cortasse seus cabelos e trancando-a em uma torre aos 12 anos, usando os cabelos dela para subir todos os dias para ir vê-la. Um príncipe então aparece e ouvindo a bela voz de Rapunzel, descobre como subir. Por dias isso acontece e os dois então planejam fugir com uma escada que a moça estava fazendo com seda, só que ela se delata para a bruxa, em umas versões, por dizer que ela estava mais pesada que seu príncipe, em outras por estar com as roupas apertadas na barriga em razão de estar grávida. A bruxa corta seus cabelos, a deixa no meio do deserto e joga o príncipe em um espinhal, deixando-o cego. Mesmo cego, ele consegue ouvir a voz de Rapunzel e a encontra e suas lágrima curam sua cegueira e eles vivem felizes para sempre.
Agora, fica meio pesado colocar isso em um desenho da Disney não!? Portanto, tornemos os pais de Rapunzel regentes de um reino feliz e sua mãe enferma enquanto grávida dela. A sua única salvação é uma flor do Sol, que poderia lhe curar. Porém, a mulher chamadaGothel descobre a flor e a usa para ficar sempre bela e jovem. Só que ela acaba perdendo a flor para os soldados do reino e a rainha é salva. Rapunzel nasce loira e com os cabelos brilhantes como o Sol. Ela então é sequestrada ainda nenê e Gothel usa os poderes da flor, que agora estavam em seu cabelo, para seus intuitos egoístas. Dezoito anos se passam, e um jovem ladrão chamado Flynn Ryder, que havia acabado de roubar a tiara da princesa perdida, encontra a torre de Rapunzel e a partir daí, começa a aventura dos dois.
O desenho é o que se pode chamar de revisão dos antigos musicais da Disney, porém com um toque mais juvenil para atrair a nova geração com a inserção de novas situações e uma nova profundidade aos personagens principais. Rapunzel ainda é toda sonhadora com o mundo lá fora e Gothel, a mãe superprotetora que a proíbe de sair por querer que ela mantenha seus cabelos e seus poderes para se manter jovem para sempre, mas sempre sendo maquiavélica ao ponto de manipular a jovem e ingênua Rapunzel a pensar que sua vida tem que se passar dentro daquela torre, para sempre. É uma versão em conto de fadas do que acontece na juventude de boa parte das pessoas, o eterno conflito pais protetores e filhos revoltados que não sabem exatamente o que os espera aqui fora.
A única companhia de Rapunzel é seu camaleão de estimação, Pascal, que por si só tem carisma que farão todos os espectadores se divertirem com suas expressões e gestos. Flynn, ao aparecer na vida de Rapunzel, acaba por dar a ela uma oportunidade de fugir para ver de perto as lanternas que são lançadas ao ar todo ano na comemoração de seu aniversário (sem que ela saiba). Flynn, que começa como um ladrão espertalhão, acaba se mostrando, bem, um ladrão espertalhão que tem, como todo anti-herói, a vontade de ser melhor e lutar por uma grande chance em sua vida e a chance acaba surgindo com Rapunzel e suas madeixas.
Por ser um desenho da Disney, as risadas são garantidas, bem como a qualidade dos efeitos e imagem, sem contar no ótimo 3D usado, sem perspectivas forçadas ou conversões mal feitas. Assistir em 3D não gera a famosa dor de cabeça que alguns reportam porque as camadas estão bem mescladas e ficam quase naturais aos olhos. Porém, o filme não deixa de ter seus problemas.
Por ser um musical, se esperava que a produção e composição das músicas tivesse um maior cuidado do que realmente houve. Talvez melhores letras e situações levemente distintas que implicassem na criação do momento musical tivessem deixado o filme mais fluído e dinâmico. As músicas não são de todo ruim, mas simplesmente não há uma sequer que se ressalte em todo filme e mesmo aquela cantada por Gothel para ficar jovem de novo acaba por sumir da mente do espectador assim que o filme acaba. Porém, algo que nunca mais irá sair da mente deste espectador está na versão dublada do filme.
Luciano Huck foi chamado para ser o dublador do personagem Flynn Ryder e cometeu um dos piores pecados que toda celebridade comete ao ser dublador. Ele interpreta a si mesmo e não encarna o personagem de corpo e alma. O dublador original do trailer é Claudio Galvan e aparentemente todas as músicas foram cantadas por ele, deixando Huck apenas com as falas do personagem, o que já é um alívio. Huck recita as falas e não interpreta. Ele não é ator e nunca será. Suas frases saem como se proferidas por um robô, sem carisma, sem paixão, sem amor e totalmente sem o devido tempo, ficando até mesmo parecido com aqueles filme chineses dublados fora de sincronia.
Na tela, via-se Flynn todo dinâmico, movimentado e enquanto isso, Huck simplesmente assassina o personagem fazendo uma dublagem sem graça e inspiração; quase mecânica. A culpa disso é da Disney que o chamou para o papel e ficou a cargo do estúdio de dublagem tentar diminuir ao máximo essa falta de qualidade na atuação de Huck, mas foi em vão. Ouvir vozes como a de Ju Cassou, Garcia Jr., Alexandre Lippiani e Guilherme Briggs se misturando com a de Huck é quase um crime contra tudo de bom que a dublagem nacional nos trouxe nos últimos anos e uma pena em saber que as distribuidoras ainda tem voz ativa na escolha dos dubladores totalmente incapazes que surgem nas figuras das celebridades.
Ainda assim, se você caro espectador conseguir ligar o filtro e ignorar a voz de Huck ou achar uma sala passando legendado, por favor, assista este belo filme que com certeza estará entre as melhores animações do ano, apesar de todos os problemas
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